sábado, 26 de março de 2011

MATRIX E A FILOSOFIA



Sinopse do filme MATRIX :

      "Em um futuro próximo, Thomas Anderson (Keanu Reeves), um jovem programador de computador que mora em um cubículo escuro, é atormentado por estranhos pesadelos nos quais encontra-se conectado por cabos e contra sua vontade, em um imenso sistema de computadores do futuro. Em todas essas ocasiões, acorda gritando no exato momento em que os eletrodos estão para penetrar em seu cérebro. À medida que o sonho se repete, Anderson começa a ter dúvidas sobre a realidade. Por meio do encontro com os misteriosos Morpheus (Laurence Fishburne) e Trinity (Carrie-Anne Moss), Thomas descobre que é, assim como outras pessoas, vítima do Matrix, um sistema inteligente e artificial que manipula a mente das pessoas, criando a ilusão de um mundo real enquanto usa os cérebros e corpos dos indivíduos para produzir energia. Morpheus, entretanto, está convencido de que Thomas é Neo, o aguardado messias capaz de enfrentar o Matrix e conduzir as pessoas de volta à realidade e à liberdade."



REFLEXÕES FILOSÓFICAS:

 

      "Imagina a maneira como segue o estado da nossa natureza relativamente à instrução e à ignorância. Imagina homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, com uma entrada aberta à luz; esses homens estão aí desde a infância, de pernas e pescoço acorrentados, de modo que não podem mexer-se nem ver senão o que está diante deles, pois as correntes os impedem de voltar a cabeça; a luz chega-lhes de uma fogueira acesa numa colina que se ergue por detrás deles; entre o fogo e os prisioneiros passa uma estrada ascendente. Imagina que ao longo dessa estrada está construído um pequeno muro, semelhante às divisórias que os apresentadores de títeres armam diante de si e por cima das quais exibem as suas maravilhas.(..) Imagina agora, ao longo desse pequeno muro, homens que transportam objetos de toda espécie, que o transpõem: estatuetas de homens e animais, de pedra, madeira e loba espécie de matéria; naturalmente, entre esses transportadores, uns falam e outros seguem em silêncio." (1)

       Tanto na República quanto em Matrix temos exemplos de seres humanos que quebraram essas correntes e avançaram para a verdade da vida, para ajudar aos outros a alcançar o mesmo fim. Platão apresenta um indivíduo da busca da verdade através de um desejo de conhecimento, enquanto que Matrix dá-nos um "messias" ou um herói para faze-nos livres.

       Lançado em 1999 Matrix nos apresenta uma história interessante que faz-nos supor ter bebido de diferentes teorias filosóficas. Primeiramente podemos ver óbvias semelhanças com a Alegoria da Caverna de Platão.

         Neo durante toda a sua vida tinha uma lancinante dúvida de que o mundo em torno dele, de algum modo, não é certo. Ele vem em contato com Morfeu, que confirma suas dúvidas. Num futuro distante as máquinas (inteligência artificial) assumiram o controle, e utilizam os seres humanos não mais do que como fontes de energia, distraindo-os, alimentando uma realidade virtual, uma simulação computacional (Matrix), através de uma sonda diretamente no cérebro. Neo é resgatado (desconectado) por Morpheus, e levado em uma nave que viaja abaixo da superfície da Terra - um planeta morto agora, governado por um computador inteligente que mantêm o ser humano resignado ao mundo da realidade virtual , o "Matrix", que é alimentado em seus cérebros.



      De acordo com Platão, nosso mundo não é senão as sombras, as formas de manifestações imperfeitas. Os presos da caverna de Platão são cegos da verdadeira realidade como são as pessoas dentro da Matrix.

      
      A Matrix é uma simulação que cria um mundo imaginário onde as pessoas são prisioneiras da realidade, muito mais como a Caverna de Platão. As sombras ou imagens que os presos vêem no muro são tudo que os presos sabem do mundo fora da caverna. Projeções de objetos que não são reais, mas parecem reais porque eles nunca viram o mundo real. Pessoas na Matrix só vêem o que mostram as máquinas, tornando difícil acordar de um sonho contínuo, estão aprisionados em um mundo ilusório e incapazes de se libertar.

      No entanto, se um dos presos na caverna torna-se livre, e consegue olhar para o fogo, e alguém disser a ele que o que ele sabia do mundo até agora foi uma ilusão e apenas metade da realidade, ao tentar sair da caverna ele seria agredido pela forte luz do sol, e ficaria intrigado e poderia pensar que o que ele viu antes era mais verdadeiro do que aquilo que foi mostrado a ele agora.

      Na verdade, a verdade dói, literalmente, neste caso, porque confinado na escuridão, desde o início, quando se voltou para o fogo, seus olhos não se ajustariam tão rapidamente ao brilho. Na Matrix Neo também enfrenta as mesmas dificuldades, seus olhos e membros estão doloridos e quando ele pergunta a Morfeu o por que, a resposta é "você nunca as usou antes". (Os humanos são utilizados como fontes de energia, como pilhas, pelas máquinas. Um corpo humano é preservado em uma cuba com múltiplos fios ligados à Matrix.)

    Para deixar bem claro nas palavras de Sócrates: "E se o forçarem a fixar a luz, os seus olhos não ficarão magoados? Não o desviará a vista para voltar às coisas que pode fitar e não acreditará que estas são realmente mais distintas do que as que se lhe mostram?". (2)

    Na Matrix, quando Morfeu mostra a Neo "o deserto do real" e explica a realidade do ano 2199 (aproximadamente, eles próprios não são claros do ano), ele gritou "deixa-me sair deixe-me sair, eu quero sair".

      Se alguém arrastar um prisioneiro da caverna rumo a luz do sol ele primeiramente ficaria ofuscado e não seria capaz de ver com clareza tudo de uma vez. Ele iria começar por olhar para as sombras, as imagens e, em seguida, os objetos reais, e por último o próprio sol e assim através da razão e do conhecimento do real. Quando Neo supera o seu desconhecimento e se dá conta de que tudo que ele vê é ilusão, manipulações realizadas por um computador, ele percebe, o seu potencial.

     Mas todas as pessoas estão prontas para serem desconectadas? Nem todo mundo está preparado para aceitar a realidade facilmente, o prisioneiro na caverna liberado de suas correntes, sentia que era preferível manter-se em um ambiente familiar do que ir à procura da verdade em um território desconhecido. Igualmente na Matrix Cypher sentiu que Morfeu enganou-o trazendo-o para a realidade, ele está farto de ter negada a simples possibilidade de comida decente. Torna-se então o traidor, na esperança de voltar a Matrix, para o mundo que ele estava familiarizado. Na Matrix, é duvidoso que o mundo real seja melhor do que a simulação computacional. Porque a Matrix pode realmente parecer uma escolha melhor.

     O principal tema da Alegoria da Caverna é nos alertar de nossa ignorância, e aquilo que você vê não é real, expresso pelas Matrixes.

     A Matrix é em grande parte paralelo à analogia da caverna, iluminação, liberdade, etc. estão subjacentes idéias de ambos.


(1) PLATÃO - Os Pensadores, A Republica, livro VII (pag. 225), São Paulo, Nova Cultural 1997

(2) PLATÃO - Os Pensadores, A Republica, livro VII (pag. 226), São Paulo, Nova Cultural 1997


QUESTÕES:

1) Explique o que é a Matrix, de acordo com o texto/filme. (1,0)

2) Compare a Alegoria da Caverna ao filme Matrix, através de dois exemplos. (2,0)

3) Qual o principal tema da Alegoria da Caverna, de Platão? (1,0)

4) Explique o que o autor do texto quis dizer com a frase: "a verdade dói." Em que contexto ela se insere? (1,0)












FIM DOS TEMPOS


Sandy devassa.
Faustão magro.
Silvio Santos no prejuízo.
Dilma fazendo omelete na Ana Maria Braga.
Tiririca na Comissão de Educação.
Maluf e Collor na Comissão de Reforma Política...

Não era em 2012 o fim do mundo?

sábado, 19 de março de 2011

AS MIL E UMA NOITES


SHERAZADE E A MULHER ATUAL


     O que chama atenção na história de Sherazade é a valorização da sabedoria da mulher, algo inédito na cultura islâmica, que relega a mulher a uma posição inferior à do homem. Sherazade não precisou recorrer ao corpo para atrair o sultão e fazê-lo se apaixonar: ela atraiu-o pela lábia, pela inteligência, pela sagacidade, pela sabedoria.  Muitas mulheres atuais, ao contrário, julgam que apenas pelos encantos físicos irão conseguir manter um homem ao seu lado. E quantos sacrifícios fazem para isso! Algumas chegam a se deformar, usando anabolizantes para ficarem atraentes... Que os homens são visuais, é fato. Atraí-los pela beleza é fácil. Difícil é despertar o interesse deles após o prazer sexual (muitos desejam que a parceira desapareça depois do ato). E, nesse ponto, Sherazade nos dá uma lição: ela atrai Shariar pela  beleza, mas o mantém a seu lado pela perspicácia, pela admiração que faz  Shariar sentir por ela, pelo prazer de estar ao lado de alguém que tem o que dizer. 

   Para quem não conhece, eis um resumo da história de Sherazade, das Mil e uma noites:

Tudo começa com a história do rei Shariar. Ele descobre que está sendo traído pela esposa, que tem um servo como amante, e, enfurecido, mata os dois. Depois, toma uma decisão terrível: a cada noite, vai se casar com uma nova mulher e, na manhã seguinte, ordenar sua execução, para nunca mais ser traído. Assim procede por três anos, causando medo e lamentações em todo o reino. Um dia, a filha mais velha do primeiro-ministro do rei, a bela e sábia Sherazade, diz ao pai que tem um plano para acabar com a barbaridade do rei. Para aplicá-lo, porém, ela precisa casar-se com ele. Horrorizado, o pai tenta convencer a filha a desistir da idéia, mas Sherazade estava decidida a acabar de vez com a maldição que aterroriza a cidade. Quando chega a noite de núpcias, sua irmã mais nova, Duniazade, faz o que sua Sherazade havia pedido. Vai de madrugada até o quarto dos recém-casados e, chorando, pede para ouvir uma das fabulosas histórias que a irmã conhece. Sherazade começa então a narrar uma intrigante história que cativa a atenção do rei, mas não tem tempo de acabar antes do amanhecer. Curioso para saber o fim do conto, Shariar concede-lhe mais um dia de vida. Mal sabe ele que essa seria a primeira de mil e uma noites! As histórias de Sherazade, uma mais envolvente que a outra, são sempre interrompidas na parte mais interessante. Assim, dia após dia, sua morte vai sendo adiada.

A mulher atual deve ser bela, sexy e sábia. Mas vulgar e fútil, nunca!



  

quarta-feira, 9 de março de 2011

CARNAVAL, O ÓPIO DO POVO


     Que brasileiro gosta mesmo é de sexo, cerveja, futebol e carnaval, não há dúvida. Mas ao me deparar com essa charge, lembrei-me de Karl Marx, quando este afirmava que a religião era o ópio do povo. Mas os tempos eram outros, os de Marx. O continente era outro. O país era outro. O povo idem. Analisando o que se tornou o carnaval brasileiro, chego à conclusão de que o carnaval e o futebol, além de outras coisitas más, são, de fato, as drogas atuais, que cegam a população diante de questões mais importantes, como o vergonhoso aumento do salário dos deputados e o humilhante aumento do salário mínimo para 545,00 reais. Mas o que representam esses problemas, na opinião da maioria da população, diante de 4 dias de folia (10 para muitos)?

   Minha única aventura nestes dias de Rei Momo foi em um bairro próximo à minha casa. Bastou para eu perceber que as pessoas, neste bairro, só buscavam bebidas, azaração e sexo. Ninguém dançava ou pulava... apenas caminhavam de um lado para o outro, expondo suas figuras, oferecendo seus corpos para o voyerismo coletivo ou para uma aventura qualquer. Deprimente. Isso é diversão? Enfim, nos outros dias, reuni família e amigos e promovi outro tipo de diversão, que nos agradou mais: jogamos baralho, jogamos can can (uno), jogo do cinema, bebemos, comemos, rimos, trocamos ideias, ouvimos música...

   E o tempo nem sequer serviu para ir à praia ou pegar uma piscina. Eu costumo curtir esses dias de folia nas praias (geralmente viajando). Mas, enfim... cada um na sua, afinal, opinião é igual a bunda: cada um tem a sua e dá quem quer!